sexta-feira, 26 de abril de 2013

Iniciativa de patrocinador promete por homofobia em cheque no esporte

Enquanto multinacional de artigos esportivos oferece patrocínio para atletas que resolvam assumir a homossexualidade, torcedores gays e simpatizantes tentam combater o preconceito no futebol por meio da internet.
A legalização do casamento homossexual na França — o país é o 14º a aprovar a união entre pessoas do mesmo sexo — tornou-se mais um passo na busca para acabar com a homofobia pelo mundo. O esporte também trava a sua batalha contra a discriminação. Gay assumido, Rick Welts, presidente do Golden State Warriors, time da NBA, contou em entrevista à gigante da comunicação Bloomberg que a Nike — maior patrocinadora esportiva do planeta — tem apoiado iniciativas de revelação de homossexualidade em público. De acordo com ele, a empresa colocaria em foco as oportunidades positivas que poderiam aparecer a partir disso.
A declaração de Welts à imprensa tem repercutido muito entre atletas. Tanto que a pioneira no UFC feminino Liz Carmouche se apressou em reforçar no Twitter ser homossexual. Ela disse que adoraria um novo patrocínio. Na rede social, a lutadora escreveu: “Nike, se vocês estão procurando uma atleta gay para patrocinar, eu sou a primeira assumida do UFC. Lutei no primeiro combate feminino do mundo”. Carmouche, entretanto, não está sozinha nas artes marciais mistas. A transexual Fallon Fox já causou polêmica. Alguns acreditam que ela deveria lutar na categoria masculina, enquanto outros defendem a atuação na categoria feminina.
A declaração de Welts à imprensa tem repercutido muito entre atletas. Tanto que a pioneira no UFC feminino Liz Carmouche se apressou em reforçar no Twitter ser homossexual. Ela disse que adoraria um novo patrocínio. Na rede social, a lutadora escreveu: “Nike, se vocês estão procurando uma atleta gay para patrocinar, eu sou a primeira assumida do UFC. Lutei no primeiro combate feminino do mundo”. Carmouche, entretanto, não está sozinha nas artes marciais mistas. A transexual Fallon Fox já causou polêmica. Alguns acreditam que ela deveria lutar na categoria masculina, enquanto outros defendem a atuação na categoria feminina.
O especialista em marketing esportivo Paulo Henrique Azevêdo define a estratégia da Nike como 90% mercadológica e 10% social. “Pessoas favoráveis a esses movimentos estarão mais simpáticas à empresa, que pode vender mais, mas não sei em que medida isso pode ser um benefício para atletas”, analisa. De acordo com ele, a marca pode, inclusive, acabar financiando a carreira de competidores heterossexuais que se proclamarão gays apenas para conseguir patrocínio.
Na opinião de Azevêdo, ser talentoso ainda é suficiente para se obter o patrocínio de uma grande marca. “Se eles apoiarem um atleta ruim que se assumiu gay, isso é puramente mercadológico. O que eles querem é patrocinar alguém que fidelize o cliente”, diz. Os benefícios, de acordo com o especialista, ficam apenas para a empresa. “Talvez alguns atletas não estejam bem em esconder a homossexualidade, mas eu realmente não entendo como uma pessoa pode se beneficiar com a jogada da Nike.”
Anonimato
Enquanto para esportistas assumir a condição de gay tem se tornado cada vez mais comum, o mesmo não acontece entre os torcedores. O anonimato tem sido usado por eles para criar perfis no Facebook com o objetivo de combater o preconceito. Tudo começou com a página “Galo Queer”, no ar há cerca de duas semanas. “Fui ao estádio e fiquei muito incomodada com a naturalidade com a qual a homofobia é tratada e praticada”, conta a criadora do perfil, que não quis se identificar.
O que ela não imaginava era que tantas mensagens de amor e ódio iam se propagar tão rapidamente a partir da sua página. O perfil tem 5 mil curtidas e deu origem a pelo menos mais 10 do gênero. “Ficamos muito felizes de ver que o movimento se espalhou. Pelo visto, havia uma demanda reprimida de um movimento como esse”, explica a internauta. Se por um lado o incentivo anima, por outro, a violência ainda assusta. “Foram muitas as mensagens de ódio, muitas ameaças.”
A ideia é que o movimento chegue aos estádios e às torcidas organizadas. “Temos que fazer isso de forma segura, então, acreditamos que esse ainda não é o momento. Trabalhar a questão com o clube também está entre as nossas vontades. Vamos ver se dá certo”, comenta.
Se uma página chamada “Galo Queer” já criou tanta controvérsia, imagine a “Bambi Tricolor”, criada por uma são-paulina para combater o preconceito contra torcedores da equipe do Morumbi.
No perfil, Aline — que prefere não divulgar o sobrenome — escreveu: “Se, até agora, Bambi foi um apelido usado para discriminar, por que não adotá-lo com orgulho e desarmar o preconceito?”. Aline conta que não tem sido fácil administrar as reações dos torcedores. “Tem gente achando que eu sou corintiana, ofendendo, mas acho que foi muito positivo o uso da palavra ‘Bambi’. É um jeito de neutralizar as ofensas”, comenta a professora. Ela se diz assustada com a violência nos estádios. “Senti na pele a homofobia naturalizada. A aversão está lá. O futebol ainda é machista e homofóbico.”
Para o criador da página Bahia Livre, que também não quis se identificar, o anonimato ajuda na hora de promover uma torcida sem homofobia. “É um ambiente que dá segurança para iniciar essa luta, mantém o anonimato dos integrantes, mas uma hora precisaremos nos organizar presencialmente”, afirma.
CorreioWeb – Superesportes
Comportamento
Jornalista Thaís Cunha - Especial para o Correio
Publicação: 24/04/2013 11:29 - Atualização: 24/04/2013 11:58

Um comentário:

Roberto Abreu disse...

Concordo plenamente com as suas afirmações, caro amigo Paulo Henrique. O grande talento desportivo será sempre o ponto máximo para ser valorizado, o ponto chave para a conquista de um patrocinador. Não se cabe 'achismos' em situações como essa.
Grande abraço.
Roberto Abreu