FUTEBOL
BRASILEIRO
Pesquisa
mostra que craque santista é o jogador favorito de quase um terço
dos brasileiros.
Presença
constante em intervalos comerciais e influência do pai contribuem
para o fato
» BRAITNER MOREIRA
Se o futebol pode ser
utilizado como elemento de união do Brasil, Neymar é o principal
aglutinador do esporte. Praticamente uma em cada três pessoas tem o
craque do Santos como atleta favorito de futebol. Sozinho, com 31,7%
de preferência entre os entrevistados de uma pesquisa divulgada
ontem, o atacante bate, inclusive, os demais integrantes da lista dos
10 jogadores mais queridos do país. O segredo para chegar nesse
estágio é ir além da torcida do Peixe. O jogador arrebatou fãs em
todas as torcidas brasileiras.
Os pesquisadores da
Stochos Sports & Entertainment, especializada em eventos
esportivos, ouviram 8.329 pessoas pelo país. Os entrevistados eram
convidados a responder à seguinte pergunta: “Quem é seu jogador
de futebol em atividade preferido?”. Neymar só não foi absoluto
para os apoiadores de três das 12 maiores torcidas do Brasil. Entre
os torcedores do Cruzeiro, o santista está empatado com o goleiro
Fábio. No Atlético-MG, perde para Ronaldinho Gaúcho; no
Fluminense, para Fred.
O levantamento
corresponde a uma fotografia do atual futebol brasileiro, segundo um
dos autores da pesquisa, Cesar Gualdani. “Nós temos a resposta do
torcedor mais aficionado e da senhora mais idosa que tem pouco
contato com o dia a dia”, explicou. Neymar também foi eleito entre
os fãs de futebol do Distrito Federal. Entre os ouvidos na capital
federal, 35,1% afirmaram preferir o jovem atacante. Segundo colocado,
Ronaldinho Gaúcho ficou bem atrás na pesquisa, com 9% de
preferência.
A onipresença de Neymar
nos intervalos da tevê aberta contribui para a popularidade do
ídolo. De cueca a carro popular, o santista vende de tudo. Em julho,
por exemplo, um levantamento do site Controle da Concorrência
mostrou que o jogador apareceu em 1.053 inserções comerciais —
recordista nacional, à frente de Daniele Hypolito, Ronaldo, Reynaldo
Gianecchini e Camila Pitanga.
“Qualquer brasileiro,
hoje, vai consumir o Neymar. Ele é diferente dos outros jogadores.
Só o torcedor do Flamengo vai consumir o Vagner Love, por exemplo”,
analisa o coordenador do Laboratório de Pesquisa sobre Gestão do
Esporte da Universidade de Brasília, Paulo Henrique Azevêdo. “As
pessoas podem até não torcer para o Santos, mas torcem para o
Neymar.”
Ainda segundo o
professor, a referência paterna do atleta é um aspecto fundamental
para sua simpatia. “O pai dele foi antipático com o próprio
Neymar para que ele pudesse ter um comportamento irrepreensível e
nada depusesse contra ele. Nem ter sido pai muito jovem atrapalhou a
popularidade dele”, avalia. Com poucos deslizes extracampo para um
jogador de 20 anos com reconhecimento internacional, o esportista
conseguiu se afirmar dentro e fora de campo.
Permanência
eficaz
A resistência às
oportunidades de jogar no exterior foi fundamental para os altos
índices de popularidade alcançados por Neymar. “Ele, inclusive,
perdeu dinheiro para, depois, ganhar muito mais. Já o Paulo Henrique
Ganso ficou tentado, falou à imprensa que gostaria de sair e se
perdeu um pouco”, compara o coordenador do Laboratório de Pesquisa
sobre Gestão do Esporte da Universidade de Brasília, Paulo Henrique
Azevêdo.
Com boa administração de
carreira, Neymar pôde apostar no crescimento nacional da própria
imagem. “A gestão é a grande chave do sucesso no esporte, ela
sempre dá retorno”, analisa Azevêdo. Atuando no Brasil, o jogador
melhorou o comportamento em campo, mostrou gana de jogar todas as
partidas possíveis e conseguiu aliar o resultado financeiro ao
esportivo.
Para Cesar Gualdani, um
dos autores da pesquisa que comprovou a popularidade do camisa 11 do
Santos, o atleta só continuou no Brasil porque está em uma equipe
que soube valorizá-lo. “Se fosse em qualquer outro clube do país,
com certeza o Neymar já estaria no exterior”, acredita. No litoral
paulista, além disso, o desenvolvimento da imagem do jogador foi
ajudado pela menor rivalidade do Peixe com os três grandes times de
São Paulo.
Reportagem
publicada no jornal
CORREIO
BRAZILIENSE
Brasília, quinta-feira,
1º de novembro de 2012
Caderno
“Super Esportes” – 4/5
Jornalista
BRAITNER
MOREIRA
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