sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Quem dá a bola é Neymar

FUTEBOL BRASILEIRO
Pesquisa mostra que craque santista é o jogador favorito de quase um terço dos brasileiros.
Presença constante em intervalos comerciais e influência do pai contribuem para o fato
» BRAITNER MOREIRA

Se o futebol pode ser utilizado como elemento de união do Brasil, Neymar é o principal aglutinador do esporte. Praticamente uma em cada três pessoas tem o craque do Santos como atleta favorito de futebol. Sozinho, com 31,7% de preferência entre os entrevistados de uma pesquisa divulgada ontem, o atacante bate, inclusive, os demais integrantes da lista dos 10 jogadores mais queridos do país. O segredo para chegar nesse estágio é ir além da torcida do Peixe. O jogador arrebatou fãs em todas as torcidas brasileiras.
Os pesquisadores da Stochos Sports & Entertainment, especializada em eventos esportivos, ouviram 8.329 pessoas pelo país. Os entrevistados eram convidados a responder à seguinte pergunta: “Quem é seu jogador de futebol em atividade preferido?”. Neymar só não foi absoluto para os apoiadores de três das 12 maiores torcidas do Brasil. Entre os torcedores do Cruzeiro, o santista está empatado com o goleiro Fábio. No Atlético-MG, perde para Ronaldinho Gaúcho; no Fluminense, para Fred.

O levantamento corresponde a uma fotografia do atual futebol brasileiro, segundo um dos autores da pesquisa, Cesar Gualdani. “Nós temos a resposta do torcedor mais aficionado e da senhora mais idosa que tem pouco contato com o dia a dia”, explicou. Neymar também foi eleito entre os fãs de futebol do Distrito Federal. Entre os ouvidos na capital federal, 35,1% afirmaram preferir o jovem atacante. Segundo colocado, Ronaldinho Gaúcho ficou bem atrás na pesquisa, com 9% de preferência.
A onipresença de Neymar nos intervalos da tevê aberta contribui para a popularidade do ídolo. De cueca a carro popular, o santista vende de tudo. Em julho, por exemplo, um levantamento do site Controle da Concorrência mostrou que o jogador apareceu em 1.053 inserções comerciais — recordista nacional, à frente de Daniele Hypolito, Ronaldo, Reynaldo Gianecchini e Camila Pitanga.
Qualquer brasileiro, hoje, vai consumir o Neymar. Ele é diferente dos outros jogadores. Só o torcedor do Flamengo vai consumir o Vagner Love, por exemplo”, analisa o coordenador do Laboratório de Pesquisa sobre Gestão do Esporte da Universidade de Brasília, Paulo Henrique Azevêdo. “As pessoas podem até não torcer para o Santos, mas torcem para o Neymar.”
Ainda segundo o professor, a referência paterna do atleta é um aspecto fundamental para sua simpatia. “O pai dele foi antipático com o próprio Neymar para que ele pudesse ter um comportamento irrepreensível e nada depusesse contra ele. Nem ter sido pai muito jovem atrapalhou a popularidade dele”, avalia. Com poucos deslizes extracampo para um jogador de 20 anos com reconhecimento internacional, o esportista conseguiu se afirmar dentro e fora de campo.
Permanência eficaz
A resistência às oportunidades de jogar no exterior foi fundamental para os altos índices de popularidade alcançados por Neymar. “Ele, inclusive, perdeu dinheiro para, depois, ganhar muito mais. Já o Paulo Henrique Ganso ficou tentado, falou à imprensa que gostaria de sair e se perdeu um pouco”, compara o coordenador do Laboratório de Pesquisa sobre Gestão do Esporte da Universidade de Brasília, Paulo Henrique Azevêdo.
Com boa administração de carreira, Neymar pôde apostar no crescimento nacional da própria imagem. “A gestão é a grande chave do sucesso no esporte, ela sempre dá retorno”, analisa Azevêdo. Atuando no Brasil, o jogador melhorou o comportamento em campo, mostrou gana de jogar todas as partidas possíveis e conseguiu aliar o resultado financeiro ao esportivo.
Para Cesar Gualdani, um dos autores da pesquisa que comprovou a popularidade do camisa 11 do Santos, o atleta só continuou no Brasil porque está em uma equipe que soube valorizá-lo. “Se fosse em qualquer outro clube do país, com certeza o Neymar já estaria no exterior”, acredita. No litoral paulista, além disso, o desenvolvimento da imagem do jogador foi ajudado pela menor rivalidade do Peixe com os três grandes times de São Paulo.
Reportagem publicada no jornal
CORREIO BRAZILIENSE
Brasília, quinta-feira, 1º de novembro de 2012
Caderno “Super Esportes” – 4/5
Jornalista
BRAITNER MOREIRA

Nenhum comentário: